Após relatos de até 70 mortes durante o dia mais sangrento da repressão síria aos protestos no país, o presidente americano Barack Obama pediu o fim "imediato" dos confrontos e condenou o "recurso ultrajante à violência" utilizado pelo governo do ditador Bashar al Assad pra conter as manifestações.
"Este ultrajante uso da violência para conter os protestos precisa ser interrompido imediatamente. Ao invés de ouvir seu próprio povo, Assad está culpando outros enquanto busca auxílio do Irã para reprimir os cidadãos da Síria por meio das mesmas técnicas brutais que já foram usadas pelos aliados iranianos", disse.
Os comentários de Obama chegam pouco após o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, ter conversado com jornalistas durante um voo da comitiva presidencial entre a Califórnia e Washington.
Ele pediu que o governo sírio "interrompa e desista do uso de violência contra manifestantes" e "implemente as reformas prometidas".
MORTES
A violenta repressão das forças de segurança sírias, que nesta sexta-feira abriram fogo contra os manifestantes que pedem a renúncia do ditador Bashar al Assad, já podem ter deixado até 70 mortos, indicam ONGs de direitos humanos.
As ONGs Sawasiah, com sede na Síria, e o Comitê Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, informam, com base em informações enviadas por seus militantes no país, que os confrontos já deixaram ao menos 70 mortos.
O número também está sendo divulgado pelas emissoras de TV Al Jazeera e Al Arabiya, segundo relatos de ativistas.
Já a agência Associated Press diz ter recebido dados da ONG Anistia Internacional apontando para ao menos 75 mortos.
As mortes ocorreram no distrito de Barzeh, em Damasco, e nos subúrbios de Zamalka, Harasta, Douma, Muadamiya, Qaboun e Hajar al Asswad, em torno da capital. Outros morreram nas cidades de Hama, Latakia, Homs, Hirak, Duma, e Ezra, na província de Deraa, no sul.
REPRESSÃO SANGRENTA
Dezenas de pessoas morreram devido aos disparos das forças de segurança contra opositores ao regime que foram às ruas nesta sexta-feira na Síria, relataram testemunhas e militantes dos direitos humanos.
Os protestos ocorrem apesar da decisão de Al Assad de derrubar o estado de emergência, em vigor no país há quase cinco décadas, e abolir os tribunais de segurança estaduais que operavam fora do sistema judiciário normal para julgar pessoas consideradas dissidentes.
De acordo com o ativista Ammar Qurabi a maioria dos mortos foi baleada, e alguns outros morreram após inalarem gás lacrimogêneo.
Segundo testemunhas, ao menos 14 pessoas morreram na localidade de Ezreh, na província de Deraa (ao sul de Damasco), epicentro dos protestos contra o regime. Uma pessoa morreu em Hirak, também na província de Deraa, e outras nove morreram em Duma, 15 quilômetros ao norte de Damasco.
Outras duas pessoas morreram em Barzeh, uma em Harasta e três em Maadamiya --localidades da periferia de Damasco. Mais dois foram mortos em Hama, 210 quilômetros ao norte de Damasco, dois em Latakia --o principal porto do país, localizado a 350 km a noroeste de Damasco-- e quatro na cidade de Homs (centro).
Além disso, dezenas ficaram feridos por disparos das forças da ordem que tentavam dispersar os manifestantes em várias cidades, segundo as mesmas fontes.
Milhares de manifestantes foram às ruas de várias cidades da Síria hoje. A data foi classificada como a "Grande Sexta-Feira", denominação que tem conotações políticas e religiosas, porque assim é chamada entre os cristãos do Oriente Médio a Sexta-Feira Santa.
Os grupos que convocaram os protestos querem que a data seja celebrada com uma presença em massa nas manifestações que estão convocadas depois das orações das 12h, a celebração religiosa semanal mais importante para os muçulmanos.
De fato, o logotipo utilizado por um grupo do Facebook onde se concentram as informações dos ativistas da oposição tem uma cruz e uma meia-lua unidas, com as cores da bandeira síria, sobre a frase "Al Gomaa al Azimaa (Grande Sexta-Feira) - 22 de abril".
De acordo com organismos de direitos humanos, cerca de 200 pessoas morreram desde que, em meados de março, se intensificaram os protestos políticos na Síria, que começaram em fevereiro.
CERCO DE SEGURANÇA
Damasco e outras cidades sírias amanheceram com fortes medidas de segurança devido aos protestos convocadas pela oposição para esta sexta-feira, um dia depois que o ditador Bashar al Assad anunciou a suspensão do estado de emergência no país.
A capital síria se encontrava, na manhã desta sexta,com forças policiais desdobradas em numerosos pontos da cidade, especialmente ao redor da praça Abasin, o principal ponto dos protestos políticos durante as últimas semanas.
Os acessos a Damasco estavam fechados, e o transporte a várias áreas estava proibido, segundo moradores contatados pela agência Efe e por fontes da oposição.
Uma situação parecida vivem as cidades de Homs (centro) e Deraa (sul), localidades nas quais foi registrado o maior número de vítimas durante os distúrbios gerados durante os protestos contra o regime de Assad.
Segundo a rede de televisão Al Jazeera, do Catar, participam dos controles de segurança soldados militares, policiais e agentes civis.
FIM DO ESTADO DE EMERGÊNCIA
Os protestos desta sexta ocorrem um dia depois que Al Assad assinou três decretos: a abolição da Lei de Emergência (em vigor desde 1963), a eliminação do Alto Tribunal da Segurança do Estado e novas normas para as manifestações pacíficas.
O estado de emergência -- que estava em vigor desde o golpe de Estado de 1963-- dava "carta branca" aos órgãos de segurança para reprimir dissidentes por meio da proibição da aglomeração de mais de cinco pessoas, prisões arbitrárias e julgamentos a portas fechadas, dizem membros da oposição.
Após o anúncio da suspensão, uma multidão foi às ruas da cidade de Banias, e líderes opositores disseram que irão agir para que outras exigências seja, atendidas, como a libertação de presos políticos, liberdade de expressão e a instauração de um sistema multipartidário.
"Esta medida é apenas conversa. Os protestos irão continuar até que todas as exigências sejam cumpridas, ou que o regime caia", disse o líder oposicionista Haitham Maleh, juiz aposentado de 80 anos.
Os protestos representam o maior desafio já enfrentado por Assad, que assumiu a Presidência em 2.000 depois que seu pai, Hafez al Assad, morreu após 30 anos no poder.
Países ocidentais vêm condenando a violência mas não mostram sinais de que agirão contra Assad, ator central na política do Oriente Médio que consolidou a aliança anti-Israel de seu pai com o Irã e apoia os grupos islâmicos Hamas e Hizbollah, enquanto mantém conversas de paz indiretas e intermitentes com Israel.
Folha Online
"Este ultrajante uso da violência para conter os protestos precisa ser interrompido imediatamente. Ao invés de ouvir seu próprio povo, Assad está culpando outros enquanto busca auxílio do Irã para reprimir os cidadãos da Síria por meio das mesmas técnicas brutais que já foram usadas pelos aliados iranianos", disse.
Os comentários de Obama chegam pouco após o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, ter conversado com jornalistas durante um voo da comitiva presidencial entre a Califórnia e Washington.
Ele pediu que o governo sírio "interrompa e desista do uso de violência contra manifestantes" e "implemente as reformas prometidas".
MORTES
A violenta repressão das forças de segurança sírias, que nesta sexta-feira abriram fogo contra os manifestantes que pedem a renúncia do ditador Bashar al Assad, já podem ter deixado até 70 mortos, indicam ONGs de direitos humanos.
As ONGs Sawasiah, com sede na Síria, e o Comitê Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, informam, com base em informações enviadas por seus militantes no país, que os confrontos já deixaram ao menos 70 mortos.
O número também está sendo divulgado pelas emissoras de TV Al Jazeera e Al Arabiya, segundo relatos de ativistas.
Já a agência Associated Press diz ter recebido dados da ONG Anistia Internacional apontando para ao menos 75 mortos.
As mortes ocorreram no distrito de Barzeh, em Damasco, e nos subúrbios de Zamalka, Harasta, Douma, Muadamiya, Qaboun e Hajar al Asswad, em torno da capital. Outros morreram nas cidades de Hama, Latakia, Homs, Hirak, Duma, e Ezra, na província de Deraa, no sul.
REPRESSÃO SANGRENTA
Dezenas de pessoas morreram devido aos disparos das forças de segurança contra opositores ao regime que foram às ruas nesta sexta-feira na Síria, relataram testemunhas e militantes dos direitos humanos.
Os protestos ocorrem apesar da decisão de Al Assad de derrubar o estado de emergência, em vigor no país há quase cinco décadas, e abolir os tribunais de segurança estaduais que operavam fora do sistema judiciário normal para julgar pessoas consideradas dissidentes.
De acordo com o ativista Ammar Qurabi a maioria dos mortos foi baleada, e alguns outros morreram após inalarem gás lacrimogêneo.
Segundo testemunhas, ao menos 14 pessoas morreram na localidade de Ezreh, na província de Deraa (ao sul de Damasco), epicentro dos protestos contra o regime. Uma pessoa morreu em Hirak, também na província de Deraa, e outras nove morreram em Duma, 15 quilômetros ao norte de Damasco.
Outras duas pessoas morreram em Barzeh, uma em Harasta e três em Maadamiya --localidades da periferia de Damasco. Mais dois foram mortos em Hama, 210 quilômetros ao norte de Damasco, dois em Latakia --o principal porto do país, localizado a 350 km a noroeste de Damasco-- e quatro na cidade de Homs (centro).
Além disso, dezenas ficaram feridos por disparos das forças da ordem que tentavam dispersar os manifestantes em várias cidades, segundo as mesmas fontes.
Milhares de manifestantes foram às ruas de várias cidades da Síria hoje. A data foi classificada como a "Grande Sexta-Feira", denominação que tem conotações políticas e religiosas, porque assim é chamada entre os cristãos do Oriente Médio a Sexta-Feira Santa.
Os grupos que convocaram os protestos querem que a data seja celebrada com uma presença em massa nas manifestações que estão convocadas depois das orações das 12h, a celebração religiosa semanal mais importante para os muçulmanos.
De fato, o logotipo utilizado por um grupo do Facebook onde se concentram as informações dos ativistas da oposição tem uma cruz e uma meia-lua unidas, com as cores da bandeira síria, sobre a frase "Al Gomaa al Azimaa (Grande Sexta-Feira) - 22 de abril".
De acordo com organismos de direitos humanos, cerca de 200 pessoas morreram desde que, em meados de março, se intensificaram os protestos políticos na Síria, que começaram em fevereiro.
CERCO DE SEGURANÇA
Damasco e outras cidades sírias amanheceram com fortes medidas de segurança devido aos protestos convocadas pela oposição para esta sexta-feira, um dia depois que o ditador Bashar al Assad anunciou a suspensão do estado de emergência no país.
A capital síria se encontrava, na manhã desta sexta,com forças policiais desdobradas em numerosos pontos da cidade, especialmente ao redor da praça Abasin, o principal ponto dos protestos políticos durante as últimas semanas.
Os acessos a Damasco estavam fechados, e o transporte a várias áreas estava proibido, segundo moradores contatados pela agência Efe e por fontes da oposição.
Uma situação parecida vivem as cidades de Homs (centro) e Deraa (sul), localidades nas quais foi registrado o maior número de vítimas durante os distúrbios gerados durante os protestos contra o regime de Assad.
Segundo a rede de televisão Al Jazeera, do Catar, participam dos controles de segurança soldados militares, policiais e agentes civis.
FIM DO ESTADO DE EMERGÊNCIA
Os protestos desta sexta ocorrem um dia depois que Al Assad assinou três decretos: a abolição da Lei de Emergência (em vigor desde 1963), a eliminação do Alto Tribunal da Segurança do Estado e novas normas para as manifestações pacíficas.
O estado de emergência -- que estava em vigor desde o golpe de Estado de 1963-- dava "carta branca" aos órgãos de segurança para reprimir dissidentes por meio da proibição da aglomeração de mais de cinco pessoas, prisões arbitrárias e julgamentos a portas fechadas, dizem membros da oposição.
Após o anúncio da suspensão, uma multidão foi às ruas da cidade de Banias, e líderes opositores disseram que irão agir para que outras exigências seja, atendidas, como a libertação de presos políticos, liberdade de expressão e a instauração de um sistema multipartidário.
"Esta medida é apenas conversa. Os protestos irão continuar até que todas as exigências sejam cumpridas, ou que o regime caia", disse o líder oposicionista Haitham Maleh, juiz aposentado de 80 anos.
Os protestos representam o maior desafio já enfrentado por Assad, que assumiu a Presidência em 2.000 depois que seu pai, Hafez al Assad, morreu após 30 anos no poder.
Países ocidentais vêm condenando a violência mas não mostram sinais de que agirão contra Assad, ator central na política do Oriente Médio que consolidou a aliança anti-Israel de seu pai com o Irã e apoia os grupos islâmicos Hamas e Hizbollah, enquanto mantém conversas de paz indiretas e intermitentes com Israel.
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